APRESENTAÇÃO

“A TERRA DE QUE A GENTE GOSTA” é expressão que nos agrada. É sentida e é profunda, e é adotada como a ideia força de “TomarOpinião”.

Pretendemos oferecer críticas construtivas e diversificadas sobre os valores, as coisas e as atualidades da nossa terra, e não só. Pretendemos criar um elemento despertador de consciências e de iniciativas de cidadania, e constituir uma referência na abordagem descomprometida desses valores, dessas coisas e dessas atualidades.

Queremos, portanto, estimular o debate, de temas e de ideias, porque acreditamos que dele podem resultar dinâmicas de cidadania, que alicercem mudanças que por certo todos aspiramos.

“TomarOpinião” será um blogue de artigos de opinião e um espaço de expressão livre e responsável, diversificada e ampla.

tomaropiniao@gmail.com


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Jardins a Tomar


Rui Ferreira

Segundo os especialistas, o termo "jardim" tem uma origem pouco remota em Portugal, porquanto se privilegiava a referência aos hortos de deleite ou recreio, nos tempos medievais. Por sua vez, este termo recolhe a sua origem no "hortus" romano tantas vezes "conclusus" (murado), que não dista muito do cercado ou enclausurado "garth" dos bárbaros nórdicos e saxões,  do qual derivam os actuais "garden", "garten", "kert", "jardin" e "jardine". 

Contudo, estas designações não abrangem todas as realidades. Elas excluem as composições arquitectónicas e vegetais de certa forma condicionadas e desenvolvidas em contextos excedentários nas grandes civilizações do passado. Por exemplo, os jardins milenares de Conimbriga, nem sempre encerrados, quando públicos, mesmo que fechados como "viridia" em peristilos e "hortus", delimitados por alvenarias altas, nas traseiras de casas de ricos proprietários
Acresce ainda que a definição de jardim, se considerado como espaço de deleite e recreio, poderá vir a revelar-se exclusiva quando aplicada a composições maneiristas como o Bosque Sagrado de Bomarzo, Itália, marcadas pela instabilidade, hermetismo e ansiedade ou então obras de feição romântica, como os parques Hafod e Hawkstone, no Reino Unido,  onde  se propiciavam inseguranças, temores e até pavores. 

E o que dizer dos conceitos orientais, onde o "jardim" pode incorporar materiais vivos em perfeita harmonia com materiais "mortos" (inertes) ou, no limite, ser exclusivamente construído de pedras, aparentemente amorfas, de onde, no entanto, se podem absorver sensações que extravasam o plano físico do ser humano?  
Em suma, um jardim pode ser uma coisa complicada!

Em Tomar, outrora cultora do epíteto Cidade Jardim, deveremos utilizar apenas o termo "espaço verde". Este é o termo técnico acertado para a esmagadora maioria das áreas onde é dada à natureza, alguma ... folga.
Não querendo, propositadamente, abordar a Mata dos Sete Montes, cuja problemática permitirá uma abordagem noutro artigo, restam-nos os emblemáticos jardins à beira rio. Cada vez mais institucionalizados, cada vez mais vilipendiados por públicos ávidos de espaço, incapazes de reconhecer neles uma história, um desígnio, uma herança. 

Por outro lado, na parte da gestão, continua a eterna confusão entre um jardim e um canteiro, como se a diferença de tamanhos não acarretasse mais do que a mão de obra. Como se a boa vontade tornasse as plantas imunes à sanha da populaça ignorante e ao inexorável castigo das leis da natureza.
Tomar precisa, de facto, de mais e bons jardineiros ... mas precisa, também, de melhores utentes dos espaços públicos.  

Voltando aos mestres: "jardim: uma intenção, uma composição, um objectivo estético,  uma paisagem, mais do que uma superfície aberta, nem sempre real"

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

JARDINS POLÍTICOS


  António Pedro Costa

O tema deste mês permitiu-me pôr a imaginação ao serviço de um tema muito discutido, a política. É possível criar uma metáfora e comparar o mundo político com um, ou até com vários jardins. Consequentemente, os seres que estão envolvidos nesse campo podemos ver como flores. Aos eleitores chamemos de jardineiros.
Nos jardins políticos, continuamente estão a nascer e a crescer novas plantas. No espaço americano, por exemplo, deparamo-nos com uma flor dourada e reluzente que subiu a um pedestal deixando algumas incógnitas. Será que vai querer relacionar-se com as outras plantas, quer a nível interno, quer a nível externo? Será que vai corresponder aos jardineiros, graças aos quais existe, de alguma forma diferente? Numa pequena reflexão, estou convicto de que o motivo do aparecimento desta flor foi o facto de as plantas que estão tradicionalmente plantadas nos jardins, estarem murchas e sem resposta aos jardineiros, que todos os dias regam as mesmas, não existem melhorias, nem esperança de jardins bonitos.
      Pelo jardim europeu os sintomas de doença são evidentes, pois existem cada vez mais jardineiros desiludidos com as flores que desabrocham. Os jardineiros que plantam as sementes, na expectativa de terem grandes resultados e um jardim estável e bonito, acabam por criar apenas fungos e umas ervas daninhas difíceis de vencer.
        A nível nacional, o horto não é muito diferente. Vivemos num lugar onde há uma predominância de rosas, com umas ervas que dão um pouco de alento às rosas - resta perceber se as borrifadelas e o cheiro que agrada aos jardineiros aguenta. A nível local, temos o nosso pequeno jardim. Tem várias espécies, que vão habitando e digladiando-se entre si com algum entusiasmo. Certas plantas gostam de libertar pólenes que causam alergia aos jardineiros que querem viver pelo jardim tomarense e até tornar este local seu. A ausência de flores consistentes, maduras e revitalizadoras é preocupante. Mas ainda existe esperança num local bonito. Existem sementes prontas a serem cultivadas e os jardineiros já o entenderam. A expectativa de uma boa colheita é real. 
         Concluindo, os jardineiros, hoje em dia tem mais informação, e procuram uma intervenção mais profunda nos canteiros. A exigência para termos o nosso local com uma estratégia, uma organização e um aumento de interesse por parte dos jardineiros, pode estar apenas na escolha madura, responsável e preparada. As sementes estão prontas a ser deitadas à terra.

sábado, 12 de novembro de 2016

AgroALL, RepúblicAALS & ETC


Carlos Carvalheiro

entre setembro soalheiro e novembro tardio de 2016

Tinha eu um artigo do blog do mês de setembro em atraso, sobre “Património”, tinha pensado em escrever sobre o Agroal, a principal nascente do Nabão que esteve quase a ser canalizada nos anos 60 para abastecer Ourém, quando recebo a sugestão para o mês de outubro, “República” e, porque os bloguistas do Tomar Opinião têm o hábito de responder a todos, recebo no meu mail a resposta do António Lourenço dos Santos à sugestão com: “Por mim, viva a REPUBLICAALS”

E pensei eu: Querem ver que aquele gajo, para dizer bem de “todas as repúblicas” teve a mesma ideia que eu de roubar a graça que o Turismo do Algarve fez ao chamar-lhe ALLgarve e passarmos a dizer, em vez de Agroal, AgroALL?

Mas afinal não. Abri o mail e o que lá estava no fim do “viva a República” era “ALS”, as iniciais do dito.

Fiquei mais descansado por que afinal a minha “graça” sobre o Agroal permanecia, sempre podia dizer bem do dito, eu acho que a gente não dá valor ao que tem aqui na nossa região, umas termas tão boas na principal nascente do rio Nabão, a uns 14 km da cidade, na raia com Ourém, fazemos de conta que aquilo fica longe, esquecemo-nos, não ligamos, desmerecemos, etc… e sem esquecer que até vendem por lá pasteis de chícharo, aquela parece que leguminosa que dá o nome a um festival em Alvaiázere, cuja corruptela poderia ser AlvaiAZAR, mas não ficava lá muito bem. Tal como o EntroncaMENTE, embora aquilo da circulação do trânsito o faça com todos os dentes que tem na boca. No Porto, como são uns “caseiros”, inventaram o “Porto ponto”, que se explica muito bem. Se ao menos fossemos da Figueira da Foz, poderíamos sempre utilizar a ideia do meu amigo João Damasceno que insiste que se devia chamar-lhe “FiGAYra da Foz”, para atingir nichos de mercado, se não interessantes, pelo menos numerosos. Mas o melhor que temos por cá é a graça de “quem vai para Abrantes deixa Tomar atrás”, o que não é bem a mesma coisa. Por CÁ não está fácil…

Tal como com o presente blog… Primeiro que a malta se decida a escrever alguma coisa…